sábado, 30 de dezembro de 2017

(Que mulher não quis ser a Luiza de Tom Jobim? Aquela que tinha a felicidade de ter os mesmos desejos dele. Num arroubo desesperado, o autor pede a Luiza que o exorcize. O que Tom quis dizer com “vem, me exorciza" senão venha, eu sou seu, mas preciso me livrar de mim mesmo.)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Naquele dia eu te escrevi uma carta, e eu acho que deveria pedir desculpas por isso.
Pois um dia eu pensei que era amélie poulain, e no outro eu lembrei que existem 55 por cento de duzentos, um quarto de raiz quadrada, mais capacidade de ignorarmos o outro do que de entendermos.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Dayane tinha dezesseis anos. Pra mim, ela tinha vinte ou trinta. Era alta, enorme. Era irmã da minha vizinha. Um dia, me lembro dela ouvir uma música tão alta, mais alta que ela. O namorado havia largado. Seria normal, talvez. Dayane era ruiva, mas naquela luz antiga - lâmpadas redondas de tungstênio - ela ficava loira, talvez castanha. Ela chorava e dizia que iria embora. Eu nunca soube pra onde. A música alta - tão ou mais alta do que ela -, cantava, infinitamente, que era amanhã, e que faltavam alguns dias para o fim do mês.

Eu vivi esse passado com ela por muito tempo.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Agora, se você me diz: "Você seria capaz de viver a vida sem ela?"
Posso dizer que não sei como iria viver. Viveria, evidentemente, mas não sei como.

José e Pilar.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Stop, Christian passer-by! -- Stop, child of God,
And read with gentle breast. Beneath this sod
A poet lies, or that which once seem'd he.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Eu me lembro de ter te visto pela primeira vez, olhado para o chão, e ter sentido uma dor de vidro quebrado dentro do peito.

sábado, 16 de dezembro de 2017

hide.me

domingo, 10 de dezembro de 2017

Eu fiquei por MESES sentindo sua falta.

Antigamente - pelo menos - os homens neuróticos eram poetas. Os de hoje não servem pra entender a beleza de Matilde, ou Beatriz.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Cada dia em que uma casa é derrubada nessa cidade, eu perco um pouco dela; eu nem consigo me lembrar o que estava ali.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Eu já estava no dia do meu casamento, e as pessoas vinham chegando... e aquilo me irritava profundamente.
Eu estava com aquele vestido branco enorme nas mãos, com a roupa do corpo, e ninguém me ajudava a fazer nada, a absolutamente nada. As pessoas vinham me dar parabéns, mas eu queria ignorá-las, pois ninguém me ajudava a fazer nada. Meu deus, nada!
A cerimônia foi começando - dentro da casa antiga onde eu estava -, e eu olhava ao redor e todos pareciam preocupados em desempenhar o seu papel; eu continuava atônita e ia vendo as pessoas chegando, sentando. Eu não via o padre, não o via claramente, mas notava a presença de um cerimonialista no lugar. Aquilo parecia um casamento protestante.
Eu saia, então, do local, ainda sem estar sequer vestida direito, as pessoas já esperando que eu entrasse, e foi quando comecei a gritar que não tinha como ter casamento, não estava nem vestida, e que ninguém sequer prestava atenção nisso.
Foi quando vi você, correndo, estava não sabia onde, e enquanto eu falava que não ia mesmo ter casamento, e uma horda de mulheres vinham pra cima de mim falando sem parar, você saiu do meio de todos e foi sentar num banco feito de árvores, no quintal. E nessa hora eu te amei tanto, mas tanto, que eu queria ter te feito entender que não precisava nada daquilo: aquela cerimônia, aquelas pessoas que eu não conhecia, aquele cerimonialista que era uma sombra de uma religião morta...porque eu te amava há muito tempo, antes de tudo aquilo, antes da cruz, do ferro e do fogo que habitavam em mim, e eu não podia te perder assim, eu não podia querer que a gente morresse ali. Então eu te chamava por entre os vultos das pessoas, você vinha, chorando, e eu te contava que, naquele dia, havia sonhado que estava no dia do meu casamento, e as pessoas vinham chegando...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Pq você me deixa tão apaixonada por você? Pq você não me deixa ser tão apaixonada por você?

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Ah, eu dormi meio mal, com a luz acessa e a roupa que estava antes. Eu estava muito cansada e meio que acordava e dormia tudo junto. Aliás, percebi que ficava meio no modo Rem do sono, e via a luz acessa do quarto, mas não conseguia levantar de tanto cansasso. E no sonho essa luz ficava incomodando, aparecendo nos lugares, e tal. Aí, eu estava num dos lugares que vivo sonhando - que existe, é uma rua de rio claro -, e lá eu ia fazer coisas banais, comprar coisas no mercado. E a rua estava como que destruída pela guerra, tudo amontoado, as casas destruídas, e umas pessoas que ficavam meio que vagando por lá. Tinham só 3 lugares pra comprar coisas e eram dois mercados e uma padaria, e os três lugares tinham um luz muito forte iluminando. E tudo era muito sujo e desarrumado. Então, eu encontrava o Alexandre, um amigo muito antigo meu, que falei sobre você no ano passado. Ele me encontrava dentro de um dos mercados e me levava pra um dos corredores onde tinham vários quadros. Aí, ele me dizia: "esse cara que vc está ficando é o filho do homem, de magritte." E mostrava o quadro.

Depois eu tentava rasgar o quadro pra tirar aquela maçã do rosto da figura, pra ver se era vc mesmo, e quanto mais eu rasgava a mesma parte do rosto, mais o quadro ia ganhando profundidade na pintura, e mais pesado o quadro ficava. Aí, o Alexandre falava que os quadros não eram espelhos, pq eles tinham vida própria.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

E cada vez que ele apagava e acendia o interruptor, uma luz acendia em mim.

domingo, 3 de dezembro de 2017

E se eu forçar a barra, já deixei de amar a Verdade para orbitar em torno dos signos Dela.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Eu havia visto isso por várias e várias vezes: primeiro a raiva, depois o choro inconsolável.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Quem sou eu? A mãe morta nas águas.
Quem sou eu? Confusão, relato, pintura e rasgo frio.
Quem sou eu? Sombra de horas vagas, costumaz companheira do medo.

Quem sou eu? O desejo que reina com o desespero.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Acabou e eu não tive vontade de dizer nada. Nem alguma coisa. Nem coisa nenhuma. Até Bukowski diria mais de suas putas, das carniceiras do sentimento pelas quais ele se apaixonava.
Volte pras 306 páginas de ficção científica, esse corredor asséptico sem erro. Seu caminho de desespero. Seu desejo por si mesmo. Descontrolado.

Nada exprime melhor a falta de paixão do que a terra, mercúrio e virgem.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Não se salvam pessoas assim, com tão pouco. -diria algum escritor moderno niilista.

domingo, 19 de novembro de 2017

Ontem, tentei procurar, nas mulheres, a dor de Ofélia. Não achei nenhuma. Já estavam mortas.
Hoje, tive delírios de chuva dentro de um quarto. Eram lágrimas, somente. Por mim e por elas.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Haviam dois gatos na sala: um era um homem e outro era um robô. (O problema é que se eu digo que "era um homem", qualquer um poderia imaginar que um homem estava vestido da gato, um erro comum de percepção das pessoas que não entendem a linguagem dos sonhos. Mas, independente de qualquer dúvida, haviam dois gatos na sala, e um era um homem e outro era um robô.)
Quando a janela era aberta, os dois corriam para a beirada dela. O problema era que os gatos tinham a mesma aparência. E eu tinha que tirá-los de lá, pois tentavam se jogar janela abaixo. A altura do prédio parecia não ter fim, e eu ficava tentando fazer com que nenhum deles se jogasse, pois miavam e falavam diretamente pra mim: "Qual merece morrer? O humano ou a máquina?"

A linguagem dos sonhos é muito complicada mesmo.

sábado, 30 de setembro de 2017

Eu vi a sua dor. O que sobrou dos seus antigos amores. Sua paixão. Seus novos nomes.
Seu ontem trancado nas palavras. Seu hoje sem resguardo. Seu amanhã de quinze em quinze minutos.

Nenhum deles pertencia a mim.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Quanto mais corria, maiores eram os gritos: Para onde vai? Para onde vai?

Stella Maris. Stella Maris, meu senhor.

sábado, 23 de setembro de 2017

Hoje ele me disse que estava apaixonado por outra pessoa. Concordei. Nunca o havia amado. Mentira. Ele era meu nome. Ele era meu mundo. A dor foi um grito de  trinta espaços. Que menina eu era.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Ontem eu não fui eu.
Eu fui.
Psicodélica.
Há quatro dias atrás.

domingo, 17 de setembro de 2017

Quais são os vícios da sua solidão?

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Eu vivi uma outra vida: onde uma sanfona tocava incessantemente e uma mulher rezava todo dia.

domingo, 10 de setembro de 2017

Mais um dia.
Menos um dia.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Eu conto você. Não "eu conto com você". Deveria ser mais fácil entender a diferença. E entender que eu não errei.
Outro dia eu contava você enquanto pensava sobre os escritores e a morte. Livros servem para que nós nos mantermos longe do autor. Pensa: mal escrito, sem revisão, com erros... esse é o autor. Escritor bom é escritor morto. Vira mito, sem defeitos. Eu conto você. Morto ou vivo. Tanto eu quanto você.


Eu penso constantemente em quem escreve. Quem é o " cara ", sabe? A língua portuguesa tem muitos abismos. Eu sei que você pensou que eu queria dizer que reflito sobre um escritor, fosse específico ou não. Mas, eu falava sobre quem está por detrás dele. Ou de mim. Ou de você, enquanto imagina ser o autor do que está escrito aqui.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Eu me lembro de ficar assustada vendo a tela toda preta enquanto havia um som forte que crescia.  Por que ficou essa tela preta  e a imagem veio depois? - eu perguntei. Porque primeiro vem a luz e depois o som , sua ameba. - ele respondeu.

Quantos anos você tem hoje? Eu não me lembro de você com oito, nove ou 10 anos. O quão velho você era, meu irmão?

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Eu não sou um homem. Eu sou um campo de batalha.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

"Você já sentiu a dor, e o peso, de ser tão amado?"

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Eu me lembro de ler cada palavra e ver nelas todo sinônimo, inverso, metáfora, metade e caminho que cada uma tinha.

domingo, 16 de julho de 2017

Quando eu vejo o homem que eu amo, ferido, caindo em meio à guerra, perdido entre vários mundos... eu não o julgo.
Ao contrário, eu me sinto interpelada a dizer: "Por que não rezei mais? Por que não me ofereci mais?"

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Um homem colocava fogo em outros dois que estavam, cada um, em uma quina no hall da escada. Um fósforo deu conta de uma grande chama em segundos, enquanto eu fugia.
Um outro homem começou a surgir pelas escadas. Subia degrau por degrau, lentamente.

O terror que senti era enorme. O que eu vi não era humano.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

O que eu mais encontrei foram as repetições. As repetições dos erros. As repetições das pessoas.
Eu nunca coube nesses labirintos.

Eles projetaram uma dor que não era minha, mas que seria, caso eu continuasse a ser o que era.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

when i was a child i had a fever

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Quando os deuses se apaixonavam, seus amados sempre pagavam o pior preço: exílio, solidão e morte. Quando o arrependimento chegava no coração de cada um deles, uma voz ecoava pelo tempo:

Faça-o ser eterno. Coloque-o em meio às constelações, e dê-lhe um nome, meu pai.

Penso todos os dias o que você significa pra mim, meu amor.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Havia um furacão e não, não, não, não, não. Um barulho que voava junto à força do vento e não, não, não, não, não, não, não é real, não, não, não.

sábado, 27 de maio de 2017

Havia um homem com uma tesoura que, sistematicamente, cortava em pequenos pedaços enormes rolos de filme antigo. "Nós precisamos recortar", ele repetia várias vezes.
Recortar a realidade e fazê-la novamente.
Recortar a realidade e dar novo sentido.
Recortar a vida e fazer nascer outras.

domingo, 14 de maio de 2017

Eu estava ouvindo um homem que lia a letra de uma música como se lesse o diário de um velho amigo, há muito tempo esquecido. Eu havia esquecido e estava ouvindo a música que isso virou, em 1982, no primeiro vinil que ouvi na vida. Minha vida oscilava entre 1964 e 2017, ano onde pude viver cada som desse estranho passado.
uma estória contada por um idiota cheia de som e fúria que nada significa

sábado, 6 de maio de 2017

i'm lost since when since always
Then i foung myself crying.

Oh Love, You are oh so precious.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ontem eu sonhei com um homem que, sentado em uma ponta de um abismo, olhava para o nada à sua frente, enquanto vários rostos, de várias mulheres, se formavam enquanto ele olhava.

Onde está ela?- repetia, enquanto os rostos tornavam a se multiplicar infinitamente.

Era Maria, mãe de Cristo, quem ele procurava, mas o abismo continuava, repetidas vezes, a mostrar o rosto de outras mulheres.

domingo, 30 de abril de 2017

Desde quando nasci, eu rezo para que a guerra nunca aconteça.
Todas as lanças, - eles se lembravam.
Todo aço, fogo e chuva.
A explosão.
O grito.
E o vazio.

Tola criança, eu fui. Eu não podia entender.
A guerra é tudo o que eu vejo, é tudo o que está ao meu redor.

A guerra sou eu.

sábado, 29 de abril de 2017

Eu realmente nunca senti pertencer à maioria.
Quando me senti, era um novo jogo, e eu estava perdida novamente.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

You grow like tornado
You grow from the inside
Destroy everything through
Destroy from the inside

Erupt like volcano

You flow through the inside
You kill everything through
You kill from the inside
Um dia, eu me sentei com o maior artista da minha época. Ele me disse que não o era. Tinha sido um dia, mas não mais. Tudo porque ele prometeu a si mesmo nunca mais guerrear. Muito tempo depois, no dia em que vi uma foto de nós dois, pensei em quantas guerras havia deixado de travar, tal qual meu antigo artista.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Por que me culpa?
Por que coloca em mim uma máscara?

Me salve, pai, do poeta que não vê as palavras do inferno.
Me salve do esquecimento, do abismo que não é o silêncio, da última lágrima do homem apaixonado.
Me escreva durante toda a eternidade, nas linhas da terra e do céu.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Eu percebo que quando as coisas começam a se repetir, eu tenho que parar.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O pequeno poeta dizia lentamente: "Essa é a palavra da dor. A solidão dentro da solidão. Não pode ser esquecida. E ela é repetida há muito tempo, em várias línguas, por muitas pessoas. Ela é o som da explosão do corpo incorrupto de Deus."

terça-feira, 18 de abril de 2017

Ontem, fui ver meus avós e meu irmão.

E eu rezei para que eles renascessem em mim.

domingo, 16 de abril de 2017

Certo dia, alguém me disse se sentir como se tivesse engolido um espelho. Não me surpreendi quando olhei novamente, e vi que falava comigo mesmo.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Quando a mulher perde, dentro dela, a figura da virgem Maria, ela morre. Morre porque o único sentimento que sobrou, é o amor infértil; e mesmo à partir desse amor, esse amor desviado de sua função, ela não deixa de gerar filhos. Mas os únicos filhos que ela vai conhecer são o aborto e a violência: o aborto do seu próprio sangue e a violência do outro sobre ela. Porque a única coisa que sobrou foi essa morte, esse vazio, que ela insiste em chamar de liberdade.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Um dia, eu achei ter encontrado meu grande amor.

Um dia, eu me sentei frente à ele e conversei com 17 pessoas: um rock star, um menino, um padre, um vizinho, um pizzaiolo, um beberrão, um sósia do Cazuza, um estudante do ensino médio, um varredor de rua, um namorado de uma haitiana, um incendiário, um observador nas esquinas, um moço bonzinho, um outro namorador, um amante de um homem, um macaco e ele mesmo.

Um dia, ele morreu. E eu percebi que ele queria ter me levado junto à ele.

terça-feira, 11 de abril de 2017

E, mais uma vez, eu vou te deixar ir. 

Mas,em meu coração, vulcões Itália, meu amor.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

É como se você insistisse em jogar xadrez com Glauber Rocha, enquanto ele joga xadrez como se estivesse jogando damas.
Exílio, exaltação e queda.
O nome de um homem substituiu os desertos da terra. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Todas as vezes que você se fecha em uma prisão - aquele seu labirinto conhecido -, eu rezo por mim.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Um dia fiquei esperando que a lua e sol dessem 17 voltas pelo meu quintal. 
Esperei, e vi quantos personagens moravam em mim.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Te procurei 145 vezes. Em um espaço de 3 tempos. Em algumas várias realidades. 
Onde foi que eu errei?

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Hoje foi dia de viver a alma do outro. Desconhecido. 

sábado, 1 de abril de 2017

Como posso dizer que te amo, se nunca pequei por ti e, imediatamente, encontrei em teus olhos a minha salvação?

O amor me é dado à conta gotas de um oceano, meu querido.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Em 365 poemas de Ginsberg, eu envelheci. 
Em 24 sintomas de amor, vi a morte do som cardinal. 

quarta-feira, 29 de março de 2017

A minha ferida é a realidade.

terça-feira, 28 de março de 2017

Meu irmão tinha um hábito estranho de inventar histórias que não existiam: Um Snoop de pelúcia chamado Ponaldo, era sempre um astronauta em missões intergalácticas pela NASA.

Um dia ele me contou a história da batalha do rio Ebro:
Em uma noite sem lua, meninos e velhos lutaram em Aragão pelo seu país. 
Era tudo vermelho. 
Vinte e dois tanques e pouca munição haviam atravessado o maior rio basco nas mãos dos homens em busca de vitória. 
Havia um general que talvez mentisse pouco, pois era Franco. 
Uma ave jogou 50 toneladas de bombas. 
Ebro viu os exércitos morrerem.

Meu irmão me contava histórias que não existiam. Ou existiam.


Um dia, quando me apaixonei, escrevi:

Refluxo do tempo

Você me dói.
Tanto.
Não tão pouco.
Tão intenso.
Que eu me quebro.
Em Ebro.
Em escarlate.


Meu irmão morreu com 16 anos. Era uma criança em face a uma guerra.

Talvez meus amores morram enquanto criança, ou nasçam velhos demais para que eu possa entendê-los com meus olhos de adulta. Mas os homens que eu amo sempre vão existir num campo de batalha contada pela visão de uma criança. 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Como você pedia as coisas quando era criança?

sábado, 25 de março de 2017

cada ser humano é um abismo e a gente tem vertigens quando se debruça sobre um deles

sexta-feira, 24 de março de 2017

Haviam três conjuntos de palavras que apareciam como pessoas enforcadas numa mesma árvore: eram os brancos, os vermelhos e mais um que não consigo me lembrar. 
Elas pareciam ser como Judas, de fato. 
Mais um sonho.

quinta-feira, 23 de março de 2017

ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não
estarei a salvo, e agora você está mergulhado
no completo caldo animal do Tempo.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Sonhei com um gato voador poeta. Ele era melancólico e quando falava, rendas caiam do céu. Ele era branco e precisava que uma pequena gata preta o acompanhasse à todo lugar. Seus poemas tinham o tom de Alen Ginsberg e Bukowski. 

Ele olhava pra mim e dizia: Você vai se esquecer. Você vai se esquecer mais uma vez.

terça-feira, 21 de março de 2017

Eu sou um fracasso. Que insiste. Todo dia.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Eu me assustei por um momento, quando vi um homem sem camisa vindo na minha direção durante a noite fria de hoje.  Durante segundos eu me fixei nessa imagem e deixei de ver que ele empurrava um carrinho de bebê com uma das mãos  Um erro primário que o medo me fez ter. Logo em seguida vinham uma mulher, e mais dois moleques que alternavam em distância da mãe. Um deles, o menor, balançava os braços soltos dentro do moletom enorme que quase tocava o chão. E eu vi onde estava a preocupação daquele pai.
Deus é amor - ecoou enquanto eu olhava pra trás.

Eu queria muito que você estivesse junto comigo pra vê-los indo embora até o final da rua.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Ontem eu sonhei uma cena de um filme estranho, uma cena estranha, um sonho estranho, onde eu era três pessoas: duas que conversavam e uma que assistia. Tudo muito óbvio; na esquerda um personagem revolucionário, medroso e egoísta, do outro lado, o completo contrário, e não menos convicto das suas palavras. 
E eu via tudo isso por 3 monitores, separados por 3 espaços no tempo.

terça-feira, 14 de março de 2017

Father.
Mother.

Always you wrestle inside me.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Eu sou só mais uma musa talhada no mármore por um deus que já morreu. 

domingo, 12 de março de 2017

Eu amo um reflexo, um pedaço de um ser.
Nunca ele inteiro.
Nunca por muito tempo.

É sempre um sonho, uma fantasia.
Se é realidade, é um jogo; eu não suporto.

Você sempre se esconde.
Não esperava que fosse se perder em mim.
O mundo nunca me deixa ser eu mesmo.
Sempre me faz andar muito rápido.
Falar muito rápido.
Não me faz ver as coisas.
Esperar demais.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Quantas casas eu já morei...
Eu sinto falta do que não vivi.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Eu estou confessando pra ti o meu pecado.
Nós nos achamos especiais.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Eu estou na milésima morte do dia de hoje. Milésima. Vigésima quinta. 
Por 3 vezes já a vi e não a reconheço como minha.

São mortes disformes essas que vem do orgulho.
Não renascem quando o dia amanhece.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

As palavras sempre riem de mim quando eu tento escrevê-las.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Um vício.
Uma lágrima.

Um vício.
Duas lágrimas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Aqui existe uma história que você não vê. 
O vazio é mais do que um intervalo de tempo.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Eu sou mais puro do que qualquer santo. Mais sozinho que um andarilho.
Aquele humor confuso do ignorante que não vê além do espelho é vago demais para mim.
Dor é uma palavra que se transforma em outra.
Deveria eu voltar à pureza dos santos do meu interior.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Se não fossem as histórias, eu seria menor que um grão de areia, seria menos que nada.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Eu nunca poderia transformar em filme uma pessoa que perdeu o sorriso depois de uma dor de amor.