sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Eu já estava no dia do meu casamento, e as pessoas vinham chegando... e aquilo me irritava profundamente.
Eu estava com aquele vestido branco enorme nas mãos, com a roupa do corpo, e ninguém me ajudava a fazer nada, a absolutamente nada. As pessoas vinham me dar parabéns, mas eu queria ignorá-las, pois ninguém me ajudava a fazer nada. Meu deus, nada!
A cerimônia foi começando - dentro da casa antiga onde eu estava -, e eu olhava ao redor e todos pareciam preocupados em desempenhar o seu papel; eu continuava atônita e ia vendo as pessoas chegando, sentando. Eu não via o padre, não o via claramente, mas notava a presença de um cerimonialista no lugar. Aquilo parecia um casamento protestante.
Eu saia, então, do local, ainda sem estar sequer vestida direito, as pessoas já esperando que eu entrasse, e foi quando comecei a gritar que não tinha como ter casamento, não estava nem vestida, e que ninguém sequer prestava atenção nisso.
Foi quando vi você, correndo, estava não sabia onde, e enquanto eu falava que não ia mesmo ter casamento, e uma horda de mulheres vinham pra cima de mim falando sem parar, você saiu do meio de todos e foi sentar num banco feito de árvores, no quintal. E nessa hora eu te amei tanto, mas tanto, que eu queria ter te feito entender que não precisava nada daquilo: aquela cerimônia, aquelas pessoas que eu não conhecia, aquele cerimonialista que era uma sombra de uma religião morta...porque eu te amava há muito tempo, antes de tudo aquilo, antes da cruz, do ferro e do fogo que habitavam em mim, e eu não podia te perder assim, eu não podia querer que a gente morresse ali. Então eu te chamava por entre os vultos das pessoas, você vinha, chorando, e eu te contava que, naquele dia, havia sonhado que estava no dia do meu casamento, e as pessoas vinham chegando...