domingo, 24 de dezembro de 2017

Dayane tinha dezesseis anos. Pra mim, ela tinha vinte ou trinta. Era alta, enorme. Era irmã da minha vizinha. Um dia, me lembro dela ouvir uma música tão alta, mais alta que ela. O namorado havia largado. Seria normal, talvez. Dayane era ruiva, mas naquela luz antiga - lâmpadas redondas de tungstênio - ela ficava loira, talvez castanha. Ela chorava e dizia que iria embora. Eu nunca soube pra onde. A música alta - tão ou mais alta do que ela -, cantava, infinitamente, que era amanhã, e que faltavam alguns dias para o fim do mês.

Eu vivi esse passado com ela por muito tempo.